tag:blogger.com,1999:blog-40088600487992493062024-02-20T06:11:45.277-03:00o portoDestrua tudo o que já aprendeu. A vida não se mede por razão.Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comBlogger144125tag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-73317487499397401452017-12-09T00:05:00.000-02:002017-12-09T00:13:24.352-02:00Os cinco melhores discos cristãos nacionais de 2017<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzU5vUzwvLUWS0-B1JPEVs7G8LOdgYrhenASRkIVVQZwByaoSBWOKqhkzhiSzqDsIWmtsP3pxQMZZDQBtKU2OFSOOZWt2gpKbQMp-S6SZ_qW1to5jqFilMggkgb5FNPrGW9bwwvUf_aGUB/s1600/topo_melhoresnacionais.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="120" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzU5vUzwvLUWS0-B1JPEVs7G8LOdgYrhenASRkIVVQZwByaoSBWOKqhkzhiSzqDsIWmtsP3pxQMZZDQBtKU2OFSOOZWt2gpKbQMp-S6SZ_qW1to5jqFilMggkgb5FNPrGW9bwwvUf_aGUB/s1600/topo_melhoresnacionais.jpg" /></a></div>
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O ano de 2017 foi repleto de bons lançamentos internacionais, mas teve poucas opções de qualidade na cena nacional. Entre blogs lidos, playlists ouvidas, indicações seguidas pelo Spotify e garimpos em terrenos obscuros, trago minhas indicações de melhores discos de 2017 na música cristã nacional. Já fechei minha lista de discos gringos e vou tentar fazer um post no mesmo modelo ainda neste ano.</div>
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<b>Nooma - T E R R A S V A Z I A S </b><br />
Absurdamente bom, um dos melhores dos últimos anos. Discípulos de Jesus e Sigur Rós. Um disco sem hits, mas repleto de conceito, um exímio trabalho de arte -- da identidade visual ao som post-rock, ora instrumental, ora cantado. Muito bom ver o amadurecimento do grupo, a sonoridade única que alcançaram e o horizonte de possibilidades e experimentações que ainda poderão explorar.</div>
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<iframe allow="encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" gesture="media" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/dxx9vS9WNg0?rel=0&showinfo=0" width="560"></iframe><br />
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<b>Resgate - No Seu Quintal </b><br />
Como a capa sugere, o disco é uma viagem do Resgate por sua história -- não da banda em si, mas das influências que cada integrante acumulou. Referências sonoras a Beatles, Tom Petty e Beach Boys explicam o posto que o grupo ocupa no panteão da música nacional. Uma saborosa construção, marinada em letras cada vez melhores, temperada com guitarras bem posicionadas, sem exageros. Rock de tiozão, prato para adultos. Quer fast food? Vai ouvir hardcore.</div>
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<iframe allow="encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" gesture="media" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ghRljIhvw2M?rel=0&showinfo=0" width="560"></iframe><br />
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<b>Projeto Sola - 500</b><br />
Desde o sucesso do Mumford & Sons, muitos tentam reproduzir a explosão de folk alegre e moderno que foi parar nas rádios. No Brasil, em especial, embora tenhamos vivido um aumento sensível de cantores, duplas e bandas do gênero, poucos conseguem o nível de qualidade do Projeto Sola. A produção competente do Andrade dá conta de fundir metais, cordas e instrumentos característicos do bluegrass de forma palatável e natural.</div>
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<iframe allow="encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" gesture="media" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/WZDbCw7Y7jg?rel=0&showinfo=0" width="560"></iframe></div>
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<b>Hélvio Sodré - Som e Silêncio</b></div>
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Outrora cantor de pop rock, Hélvio abriu espaço de vez para o folk em sua discografia com o trabalho que traz no título a melhor definição possível para seu som. Mesclando violões, guitarras e elementos da música alternativa, o cantautor dá um passo à frente na cena nacional e mostra diversidade. Esperta foi a Sony Music.</div>
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<iframe allow="encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" gesture="media" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/qs6TP5Ivfzk" width="560"></iframe><br />
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<b>Felipe Valente - Reversos</b></div>
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Ainda que tenha alguns problemas de produção, o disco tem um algo a mais em relação às obras que revisitei para esta lista -- mas acabaram ficando de fora: Felipe Valente é um grande compositor. É neste fato que reside a força do disco. Tivesse ele optado por um álbum mais folk, no estilo de "Canção de Quem Fica", ou mais elétrico, como em "Aleluia", teríamos uma obra mais coesa. Isso, entretanto, não tira o mérito das grandes canções que, individualmente, merecem destaque em 2017.</div>
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<iframe allow="encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" gesture="media" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/msRb6PTIVuo" width="560"></iframe></div>
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<b>Menções honrosas</b></div>
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Roberta Spitaletti, Ternoesaia, Thiago Grulha e Alforria</div>
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-78162277416113703322017-04-09T20:51:00.002-03:002017-04-09T20:51:57.405-03:00O controverso "Petra Praise 2"<div style="text-align: justify;">
Conhecida pelo hard rock que produziu nos anos 80, a banda Petra se arriscou há 20 anos com um álbum de adoração recheado de violões, o "Petra Praise 2". Recebido com desconfiança pelos fãs à época, o disco ainda é subestimado e sua influência na música cristã, em geral, ignorada até hoje.</div>
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<br /></div>
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/EiPrRNlIQuE?ecver=1" width="640"></iframe>Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-65765182068202887072017-04-03T08:00:00.000-03:002017-04-03T08:00:11.947-03:00O folk grandioso de Fabiano e Jaqueline Krehnke<div style="text-align: justify;">
Fabiano e Jaqueline Krehnke dividem mais que um sobrenome incomum para a maior parte dos brasileiros. A cumplicidade do casal fica evidente em seu disco de estreia, "Céus e Terra", produzido e gravado nos Estados Unidos ao longo dos últimos cinco anos. </div>
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Folk, dream pop e modern worship são algumas das nomenclaturas que podem auxiliar a identificar o som, mas nenhuma é capaz de dimensionar o impacto que este disco, lançado em 2016, provoca nos ouvintes. Satisfação garantida ou seu like de volta.</div>
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-800582013501258962017-03-27T08:00:00.000-03:002017-04-02T14:12:56.856-03:00As mulheres do The New Respects<div style="text-align: justify;">
Três irmãos (incluindo duas irmãs gêmeas) dividindo o instrumental e uma prima cantando. O The New Respects chama a atenção desde a formação do grupo, passando pela sonoridade alcançada logo no EP de estreia, "Here Comes Trouble", lançado neste ano. Rock retrô, soul e blues se misturam em um disco curto, que se tornou um clássico instantâneo. Vindas do Tenesse, as meninas se aventuram na terra do "rock retrô", da mesma safra de Alabama Shakes e Lenny Kravitz.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/8B65Wcbfr9U?ecver=1" width="640"></iframe>Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-43460120679252729982017-03-20T09:00:00.000-03:002017-03-20T09:00:09.862-03:00O melhor disco do Chris Rice<div style="text-align: justify;">
A trajetória musical de Chris Rice é curta, mas rendeu ótimos álbuns para os fãs de folk e pop rock cristão. Primeira contratação do selo criado por Michael W. Smith em 1996, Rice lançou seu último disco em 2007, o histórico "What a Heart Is Beating For", com canções marcantes. No vídeo de hoje, vamos relembrar esse clássico que agora completa dez anos.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/aK4YSF6Bt_Q?ecver=1" width="640"></iframe>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-78055536176264057992017-03-06T09:00:00.000-03:002017-03-06T09:00:21.425-03:00Conheça o rapper KivitzLetras ácidas, batida contagiante e uma banda sempre inspirada para conduzir seus <i>beats</i>. Esse é o rapper paulista Kivitz, que vem ganhando cada vez mais atenção com sua postura sempre incisiva.<br />
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Denunciando o estado da igreja atual, a corrupção do cristianismo e a ganância dos principais líderes do país, Kivitz chama a atenção pela coragem de seu discurso (cada vez mais necessário).<br />
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Filho do pastor Ed René Kivitz, o rapper impressiona pela coerência do trabalho e pela qualidade musical das produções.<br />
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Confira mais no canal! ;)<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/u4aMNvN5u7w" width="640"></iframe>Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-87993916694694056232017-02-27T09:00:00.000-03:002017-03-03T15:40:31.711-03:00Dez músicas cristãs que fizeram sucesso no cinema<div style="text-align: justify;">
Final de semana de carnaval, feriadão prolongado, cerimônia de entrega do Oscar... Que tal aproveitar o tempo livre e os debates sobre cinema para conhecer mais sobre músicas cristãs que fizeram sucesso em Hollywood? </div>
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Você sabia que "Ela é Demais" usa uma canção gospel para embalar o casal protagonista? Sabia que a nova música-tema de Transformers foi feita por uma banda cristã de rock alternativo? E que essa mesma banda aparece na trilha de Crepúsculo?</div>
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Sim! Há muito tempo que a capital mundial do cinema vem aproveitando grandes artistas do mercado gospel em suas trilhas sonoras. Confira mais no canal! ;)</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/tFlvbg2MoBY?ecver=1" width="640"></iframe></div>
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-52474469382758004382017-02-20T11:33:00.001-03:002017-03-03T15:40:40.972-03:00Vinte anos do disco "Resgate" (1997)<div style="text-align: justify;">
Britpop em alta no mundo, Oasis e Blur dominando as paradas, enquanto as bandas brasileiras ainda pareciam mergulhadas no hard rock. Quem diria que foi do cenário gospel que surgiu um som inovador e marcante à época. Estamos falando da banda Resgate.</div>
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No terceiro vídeo do canal, vamos relembrar a importância do disco "Resgate", lançado em 1997. Fortemente influenciado pelo rock britânico, o álbum apresenta a banda em seu melhor momento. Quais os pontos fortes do disco? O que marcou mais? Que detalhes fizeram a diferença?</div>
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Confira mais no canal!</div>
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-90226778016455082552017-02-13T13:59:00.002-02:002017-03-03T15:40:48.571-03:00Leonardo Gonçalves: produção musical ou curadoria?<div style="text-align: justify;">
No segundo vídeo do canal, vamos analisar os primeiros passos do selo "LG7", lançado pelo cantor Leonardo Gonçalves em 2016. Três bons compositores já deram o ar da graça no selo: Estêvão Queiroga, Gabriel Iglesias e Felipe Valente. </div>
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O que cada disco apresenta individualmente? Leonardo Gonçalves está se saindo bem como produtor musical ou tem se limitado ao papel de curador? Quais erros e acertos de cada obra? </div>
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Confira mais detalhes no segundo vídeo do canal! ;)<br />
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-5847333035537280792017-02-06T09:00:00.000-02:002017-03-03T15:39:10.637-03:00O dia em que virei youtuber<div style="text-align: justify;">
Encontrar boa música em meio à enxurrada diária de lançamentos musicais é tarefa árdua, mas filtrar conteúdo cristão em um mercado alternativo ainda mais incipiente é quase impossível.</div>
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Pensando nisso, decidi encarar a vergonha de virar um YOUTUBER para compartilhar semanalmente algumas novidades que vou garimpando pela web. Nada muito rebuscado, apenas dicas entre amigos cristãos.</div>
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Arrisque dar o play!</div>
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-73509164093736484062016-06-15T15:35:00.000-03:002017-03-03T15:38:04.479-03:00Dez discos que completam dez anos em 2016<div style="text-align: justify;">
<i>Texto originalmente publicado no Catavento* (<a href="http://www.catavento.me/10-discos-cristaos-que-completam-10-anos-em-2016-parte-1/" target="_blank">parte 1</a> e <a href="http://www.catavento.me/10-discos-cristaos-que-completam-10-anos-em-2016-parte-2/" target="_blank">parte 2</a>)</i></div>
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Toca o despertador, você acorda, come, escova, banha, veste, dirige, trabalha, dirige, despe, banha, come, escova e dorme até o próximo despertador, tal qual um robô programado pelo Daft Punk ou um personagem de música do Chico. O tempo passa rápido, meus caros amigos.</div>
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<br /></div>
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A introdução é para a postagem de hoje, mas explica também meu lapso de três meses no blog. É um prazer dialogar com vocês e trocar impressões musicais — melhor ainda é presenciar cada etapa do crescimento de minha filhota de um ano. O primeiro passinho, os primeiros dentes, as primeiras idas ao hospital. Tudo vale a pena.</div>
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Feita a contextualização, vamos à pergunta que norteia a pauta do dia: o que você ouvia há dez anos? O tom nostálgico me pegou por esses dias e tive o trabalho de rodar algumas pastas esquecidas do meu HD. Com a ajuda da Wikipédia, listei discos importantes do universo cristão que completam dez anos em 2016.</div>
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Fiquei surpreso com a riqueza do material, o que comprova a fartura de lançamentos da cena alternativa e reforça a importância do filtro proporcionado por dicas de amigos e listas de blogs favoritos. Já repararam como é cada vez menos comum encontrar novos artistas nos meios de comunicação de massa?</div>
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Na época, descobri a maior parte dos cantores abaixo chafurdando nos cantos da web, gastando meu inglês ou baixando discos por engano. Bacana notar, dez anos depois, como a obra de uns representava um último suspiro de criatividade, enquanto para outros aquele era só o primeiro salto na carreira. A intenção não é pegar o que havia de melhor no mercado à época, mas fazer um retrato fiel do que ouvia.</div>
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Por fim: meu Deus!, como eu baixava toneladas de folk no HD (isso é bom).</div>
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<span style="font-size: large;"><b>Derek Webb, “Mockingbird”</b></span></div>
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Tecnicamente, é um álbum de dezembro de 2005 — não é a melhor maneira de começar uma lista sobre discos de 2006 e quem se sentir lesado tem todo o direito de recorrer ao STF. Mas esta é talvez a obra-prima do Webb e, por questões geográficas, só o descobri em 2006. Embora seja o folk em sua essência, sem exageros instrumentais, o álbum não deixa de cativar pelas constantes variações de acordes e pelas linhas melódicas na voz marcante do Derek. As letras, contudo, são o que há de melhor neste trabalho — e em toda a carreira do cantautor. Se hoje ele é visto como um pária do universo cristão, exatamente por tocar de forma polêmica em dogmas antes incontestáveis, é nessa obra que germinam os primeiros espinhos de sua mensagem. A faixa-título trata da forma como repetimos um discurso sem análise crítica. Em “A New Law”, ele abre disparando: “não me ensine sobre políticos e Governo, apenas me diga em quem votar”. Nada mais atual.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>Bebo Norman, “Between the Dreaming and the Coming True”</b></span></div>
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Ainda na cota folk, desta vez pendendo para o pop. Bebo Norman foi alçado ao estrelato graças ao famoso grupo Caedmon’s Call, com quem rodou os Estados Unidos em turnê. Caminhando naquela linha tênue entre a música comercial e o folk rock, Norman conseguiu produzir bons “hits de adoração”, como “I Will Lift My Eyes”, e canções para ouvir na estrada, a exemplo de “Bring Me To Life”. Não é o melhor disco, mas um dos últimos que consegui ouvir. Depois ele caiu de ritmo, chegando ao ponto de fazer uma música para evangelizar Britney Spears — que nem é de todo ruim. Sério.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>Jars of Clay, “Good Monsters”</b></span></div>
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Jars of Clay traz junto consigo a história do rock cristão alternativo. Iniciada com violões, pegada folk e até um acordeão em determinadas faixas, a banda entra de vez na onda do indie rock conduzido por guitarras de pouca distorção e pegada dançante. “Dead Man” e “Work” lembram um pouco os trabalhos de bandas como Strokes e Franz Ferdinand, trazendo um fôlego único — e que foi o bastante para sustentar os fãs da banda em um período obscuro de três anos com medíocres EPs de Natal, coletâneas e derivados. O disco de inéditas seguinte, lançado somente em 2009, apresentaria uma sonoridade bem diferente, cheia de sintetizadores e loops eletrônicos.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Mutemath, “Mutemath”</span></b></div>
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Após chamar a atenção dos garimpeiros de música alternativa com “Reset EP”, o Mutemath confirmou todas as expectativas no álbum homônimo lançado em 2006. A mistura de piano rhodes, guitarras ágeis e muitos sintetizadores rendeu comparações das mais diversas na crítica especializada, como U2, Muse e Radiohead, e garantiu um contrato imediato com a Warner. Nada mal para uma estreia. A verdade é que a banda foi uma das pioneiras no cenário cristão a romper com a estética de rock 90’ que ainda vigorava no pop gospel e apresentar uma proposta sincronizada ao indie rock dos anos 2000, cheio de ambiências eletrônicas, baterias orgânicas que mais pareciam loops, e timbres não convencionais de guitarra. Um marco.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Chris Rice, “Peace Like a River”</span></b></div>
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Encerrando a primeira parte desta postagem, uma proposta tradicional realizada de maneira competente. Que artista nunca pensou em lançar uma coletânea de hinos? A fórmula batida encontra espaço no mercado nacional exaurido de originalidade, onde Fernandinho arrisca alguns medleys e Lucas “irmão do SILVA” Souza dedicou um disco inteiro ao tema. No mercado americano, sempre sedento por discos temáticos fáceis de vender, não seria diferente. Mas Chris Rice, cabe lembrar, passa longe de ser apenas um tiozão da CCM em busca de recordes. Reza a lenda que o então jovem Michael W. Smith, ao lançar seu próprio selo, Rocketown, contratou Rice como primeiro artista — o habilidoso compositor havia cedido algumas canções a MWS. Se neste trabalho não é possível avaliar sua verve letrista, o lado produtor faz a diferença. Apostando no minimalismo de arranjos ao piano e ao violão, o artista ignora releituras mirabolantes para explorar silêncios, dobras vocais e criar o clima ideal para aquele devocional — que a gente tem tanta dificuldade para cumprir no dia a dia. Parecia preparar caminho para seu disco seguinte, “What a Heart is Beating For”, obra-prima que habita o top 10 deste que vos escreve.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Shawn McDonald, “Ripen”</span></b></div>
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Descoberto por acaso enquanto procurava por um álbum do badalado Jeremy Camp, Shawn McDonald se tornou um de meus artistas preferidos pela mistura equilibrada de apelo pop, refrões-chiclete e produção musical competente. Após “Simply Nothing”, álbum de 2004 que seguia fórmula bem simples, com a combinação violão, cello e voz, Shawn surpreendeu dois anos depois com as texturas e nuances de “Ripen”. Com baterias eletrônicas, sintetizadores, efeitos de voz, guitarras e uma pegada conceitual — algumas músicas conversam entre si, emendando arranjos e tonalidades –, o disco é a obra-prima da carreira do cantautor. Faixas como “My Salvation” pavimentaram seu alcance internacional, rendendo até mesmo shows no Brasil.</div>
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<br /></div>
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<b><span style="font-size: large;">Leigh Nash, “Blue on Blue”</span></b></div>
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Mais conhecida pelo trabalho à frente do Sixpence None The Richer, Leigh Nash debutou na carreira solo com um disco nem tão pop quanto o mercado esperava, nem tão experimental como os projetos eletrônicos que viria a arriscar depois. Estão ali as melodias cativantes, as baladas bonitas, como em “Ocean Size Love”, e os arranjos de pop rock criativo que marcaram sua banda, tal qual “Along The Wall” — os backing vocals e a pulsação de baixo e bateria em uma canção que caminhava para a melancolia são uma ótima surpresa. A mais famosa das faixas do disco é “My Idea of Heaven”, que tem suas semelhanças com o estilo de Lilly Allen e Kate Nash, e ganhou até clipe oficial para emplacar nas paradas de sucesso norte-americanas.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Mat Kearney, “Nothing Left to Loose”</span></b></div>
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Eu tenho uma afeto especial por Nashville. Nunca pisei em território americano — cheguei perto, ficando 12 dias em Cuba –, mas sempre me impressiono com a quantidade e a qualidade dos artistas que brotam desta cidade (por sinal, vale a pena conhecer o coletivo Ten out of Tenn, formado por dez artistas oriundos do Tenessee. Gente do calibre de Andrew Belle, Katie Herzig e Matthew Perryman Jones).</div>
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Mat Kearney é talvez um dos casos mais bem sucedidos do alcance global e da aceitação que uma fórmula alternativa pode conquistar. Em seu segundo álbum de fato, mas o primeiro a receber atenção e projeção, Mat entrou pela primeira vez — e para não mais sair — na lista da Billboard com sua mistura bem água-com-açúcar de folk, rock e hip hop. Apareceu na trilha sonora de seriados consagrados, como 30 Rock, Grey’s Anatomy e Jericho, se fixando no panteão de favoritos da TV norte-americana. Seus álbuns seguintes ganharam destaque no iTunes e nas principais publicações americanas.</div>
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Não chega a ser um álbum que valha ouvir do início ao fim, mas tem bons momentos. Se o refrão de “Nothing Left to Loose” não te emocionar nas duas primeiras frases em falsete, procure um psicólogo. Sério.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Copeland, “Eat, Sleep, Repeat”</span></b></div>
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Por mais que o crítico tente se cercar de argumentos para analisar uma obra com imparcialidade, em alguns momentos, quando diante de algo que o toca, o que se busca é justificar o sentimento com explicações técnicas. Assim sou eu diante dos discos do Copeland. A banda tem linhas de piano que me agradam, grooves de bateria inusitados, guitarras discretas, além de Aaron Marsh, um vocalista lírico o bastante para arriscar melodias fora do padrão. Soa confortável: nem tão enjoativo, nem tão fácil quanto aquelas vozes de maior apelo comercial. “Eat, Sleep, Repeat” não é o melhor trabalho da discografia do Copeland, talvez seja o terceiro, atrás de “You Are My Sunshine” e “In Motion”, mas serve para exemplificar a coesão e a competência do grupo. Há muito de Radiohead em alguns arranjos, com detalhes que se sobrepõem aos poucos, sintetizadores criando ambiências mais tristes. Um manual de rock alternativo que bandas similares deveriam observar.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Brooke Fraser, “Albertine”</span></b></div>
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Conheci o som da neozelandesa por acaso e sequer sabia que ela era integrante do conglomerado Hillsong™, autora de hits globais como “Hosanna”. E isso foi bom. Como tenho um preconceito histórico — e quase inexplicável — com o grupo que moldou e pasteurizou os ministérios de louvor ao redor do mundo nos últimos 15 anos, teria perdido uma excelente cantautora por pura antipatia. Sem o compromisso estético com o rock adolescente do United, Brooke Fraser dá lugar ao folk, com composições maduras, explorando novos melismas, ritmos, texturas, sem explosões de guitarra ou refrões em uníssono. Há espaço para pianos, violões, cordas; há espaço até mesmo para o silêncio. O álbum é um oásis pop de criatividade em meio ao universo de fórmulas repetidas do gospel internacional. Repare, por exemplo, na entrada da bateria de “Shadow Feet” ou no violão que abre “Albertine”. Duas preciosidades. Recomendo também o álbum seguinte da cantora, “Flags”, lançado em 2010.</div>
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P.s.: Depois de fechar a lista, fui dar uma olhada nos lançamentos de 2006 na internet e acabei reencontrando artistas que também ouvi à época, mas por lapso da memória deste que vos escreve, ficaram de fora do post. Ficam aqui como menções honrosas: “Sound of Melodies”, do Leeland; e “Speak”, do Jimmy Nedham.</div>
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E você, que discos acrescentaria à lista?</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-19763303733043435812016-03-10T15:28:00.000-03:002017-03-03T15:30:50.885-03:00Crombie e a obsolescência musical programada<div style="text-align: justify;">
A chuva de vento, a roupa no varal, a manga no alto da mangueira e o guidom da bicicleta perderam seu lugar. Quem busca em “Como Diz o Outro” (2016) as referências bucólicas e o som orgânico do primeiro álbum de estúdio do grupo carioca Crombie (“Por Enquanto”, 2008), se surpreende. Cada vez mais urbana e próxima da “MPB de FM” [se é que isso se configura como um gênero musical], a banda abandona de vez suas raízes no recente retorno ao estúdio — o último lançamento, foi gravado ao vivo há três anos.</div>
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Em “Casa Amarela” (2011), o grupo aprofundava o requinte dos violões apresentados em seu debut, enquanto a condução simplista da percussão abria espaço para um kit completo de bateria. A riqueza e a versatilidade dos novos arranjos desnudavam um futuro promissor para a banda, guiada pelas reflexões em verso e melodia — com tom cristão confessional ou não — do vocalista Paulo Nazareth; não à toa, tornou-se um compositor requisitado e respeitado na música cristã nacional, cedendo canções à interpretação de terceiros.</div>
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[Permitam-me um entreato interessante neste ponto do texto. Não julgarei a qualidade dos trabalhos, apenas acho interessante observar este excerto da trajetória de dois principais compositores de grupos contemporâneos: Nazareth e seus companheiros, mesmo oriundos da Presbiteriana, nunca fizeram do léxico cristão um mantra, ao contrário do Palavrantiga, que sempre citou Deus em suas letras. As mensagens do Crombie não se referiam a Cristo de forma direta, o que garantiu à banda boa aceitação na crítica secular desde sua fundação. Marcos Almeida, por sua vez, tentou mudar o estilo das composições do Palavrantiga no meio do caminho, causando estranheza em parte dos ouvintes no hermético “Sobre o Mesmo Chão” (2012)]</div>
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Desta primeira fase do Crombie, não faltam faixas de destaque: “Guidom” e “Sobre o Tempo”, do primeiro disco, e “Primeiro Samba” e “Se Por Acaso”, do segundo álbum, exemplificam a razão do hype criado em torno do grupo. Causa estranheza, portanto, a ausência de profundidade do novo lançamento, considerando o cacoete radiofônico da produção e a fraqueza dos argumentos de algumas canções. “Na Superfície” deixa claro que o objeto em análise é outro: o lambe-lambe, o avião, o trilho de trem, o corre-corre da urbe, o frenesi da vida pós-moderna. E não deixa de ser uma apresentação pertinente.</div>
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O problema está nas oscilações do trabalho, que traz participações simbólicas para a análise. Jair Oliveira, o Jairzinho, resume bem o perfil da MPB atual. Não é um grande vocalista, não produz nada relevante em sua própria obra, mas permanece orbitando em rádios e TVs — atualmente é produtor musical do Domingão do Faustão, ao lado do competente e subestimado Simoninha. Sua presença em “Insatisfação” é enfadonha; pouco acrescenta para salvar a composição. O contraste fica evidente na sucessora “Cores”, uma das melhores do álbum, com guitarras criativas, bateria bem dividida e letra inspiradora.</div>
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Alternando bons e maus momentos, o disco consegue conduzir seu ouvinte até a última faixa, com destaque relativo para “Impasse”, uma espécie de flamenco indie moderno, similar ao trabalho realizado por Léo Cavalcanti, e “Sobre a Saudade”, exemplo de bom uso da guitarra nesta nova fase. O problema não reside na mudança de foco ao longo do CD, mas na diversidade excessiva. Sem saber a qual público agradar, o disco se torna esquecível rapidamente. Não incomoda enquanto toca no carro, mas também não cativa. Mesmo depois de uma dezena de audições, raros versos permanecem na cabeça.</div>
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“Quase tudo é temporal”, nos ensinou o próprio Paulo Nazareth em 2008. Tudo é perecível: a arte, a vida, o ser humano. No entanto, obras que romperam a barreira do tempo e preservaram-se relevantes souberam encontrar o equilíbrio entre a inovação e o conforto para o ouvinte — ou acreditaram mesmo no rompimento de barreiras, recebendo reconhecimento póstumo. Apostar em uma aproximação com a MPB rasa das rádios é produzir algo que nasce perecível. É investir em um disco que pouco acrescenta à própria discografia da banda. É obsolescência musical programada.</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-22656180782385441002016-02-04T15:13:00.000-02:002017-03-03T15:21:01.267-03:00Onze discos de 2015 que ainda merecem atenção<div style="text-align: justify;">
<i>Texto originalmente publicado no <a href="http://www.catavento.me/discos-de-2015-que-ainda-merecem-atencao-em-2016/" target="_blank">Catavento*</a></i></div>
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Como expliquei no fim do ano passado, a chegada de minha primeira filha mudou prioridades e mexeu com o tempo disponível que dispunha para fuçar as esquinas da web atrás de preciosidades musicais. Não ouvi muitos discos, mas mergulhei de cabeça nos poucos que encontrei — seja por meio de amigos, rádio, TV ou internet. Listo abaixo alguns álbuns que tocaram no repeat durante meus primeiros passos de pai, marcando descobertas, medos e alegrias, além de outros que achei em 2016 — mas que mereciam figurar nesta compilação.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Sufjan Stevens – Carrie & Lowell</span></b></div>
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O simples fato de o disco homenagear a mãe esquizofrênica e alcoolista que abandonou os filhos na infância compõe um pano de fundo instigante. Sufjan está no auge de sua verve angustiante e reflexiva. As letras falam de relacionamento familiar: amor, culpa e medo, entre tantos outros sentimentos comuns a todos nós. No quesito instrumental, toda a parafernália peculiar dá lugar a um som mais etéreo e triste, com violões dedilhados lentamente e dobras vocais em eco.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Should Have Known Better”</div>
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<b>Por quê?</b> Não é todo dia que você ouve um cantor falar sobre como foi abandonado pela mãe em uma locadora aos três anos.</div>
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<b><span style="font-size: large;">The Brilliance – Brother</span></b></div>
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O duo, como expliquei no último post, é formado por dois integrantes do aclamado Gungor: David Gungor e John Arndt. As produções são construídas aos poucos, sobrepondo elementos e ganhando corpo enquanto o piano de Arndt executa linhas que remetem à Yann Tiersen — aquele da trilha sonora de Amelie Poulain –, acompanhado por cellos e belas harmonias vocais. As letras confessionais dão profundidade ao som. A melhor descoberta de 2015.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Brother”</div>
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<b>Por quê?</b> Repare as linhas de piano, costuradas pelas variações de ritmo e incrementadas pelas cordas cada vez mais altas. Quando chega o último refrão você quer gritar junto!</div>
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<b><span style="font-size: large;">Jon Foreman – The Wonderlands</span></b></div>
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O frontman do Switchfoot retoma a fórmula que deu certo em 2008 com “Limbs and Branches”: violão contrastando com as guitarras cada vez mais pesadas da banda; melodias mais melancólicas que o habitual no ensolarado grupo californiano. São 24 músicas, compostas e produzidas ao longo de dez anos para emular as sensações que temos durante as 24 horas de um dia. Não tinha como dar errado.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Ghost Machine”</div>
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<b>Por quê?</b> O folk tradicional ganha um tom psicodélico e soturno, em uma reflexão pertinente sobre nossos fantasmas diários.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Kivitz – Casa ≠ Lar EP</span></b></div>
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Apesar das faixas disponibilizadas a esmo na internet, foi com o EP lançado ao final de 2015 que o rapper paulista começou oficialmente sua jornada musical. Em tempos de discursos cada vez mais distorcidos no universo cristão, a mensagem de Kivitz é essencial. Sua voz merece espaço no fone de ouvido desta nova geração, que anseia por alguém que resuma tantas indignações e críticas em uma faixa de três minutos. Versos amolados para inquietar a alma.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “O Último Cristão”</div>
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<b>Por quê?</b> Impossível elogiar um rap sem ter vontade de colar trechos gigantes da letra. Repare a tensão construída pela entrada da guitarra. Simples e eficiente.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Lucas Arruda – Solar</span></b></div>
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Pra quem acha que a black music brasileira é Anitta cantando R&B genérico no Faustão, eis uma ótima oportunidade para descobrir o que há de melhor no país. Lucas bebe no funky-soul-samba dos anos 70 de Marcos Valle, Robson Jorge e Lincoln Olivetti, com pitadas de sintetizadores. O artista chega recomendado por Ed Motta e teve dois álbuns lançados na Europa e no Japão. Credenciais o disco tem de sobra. A voz em falsete e o rhodes suingado fazem jus aos aplausos. É capixaba, preciso ressaltar! 😉</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Melt The Night”</div>
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<b>Por quê?</b> Repare a primeira puxada de piano rhodes, a entrada do baixo sintetizado e me diga se não dá vontade de ouvir essa levada por horas.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Tiago Iorc – Troco Likes</span></b></div>
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Conhecido no meio alternativo pelos trabalhos em inglês, Tiago Iorc lançou em 2015 um álbum 99% em português, acertando em cheio na ironia fina. O trabalho, subestimado e zombado na internet pela capa e pelo título cômicos, faz do algoz sua presa. O disco inteiro é uma reflexão mais que pertinente sobre nosso comportamento no ambiente virtual. “Gente demais, com tempo demais, falando demais, alto demais”, critica em “Alexandria”, parceria com Humberto Gessinger. Há muito o que analisar por trás da estética fofo-pop do pretenso John Mayer brasileiro.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Coisa Linda” (em especial, porque cantei muito pra minha filha)</div>
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<b>Por quê?</b> Ele rima “manhã” com “chá de hortelã” sem soar brega, ok?</div>
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<b><span style="font-size: large;">Saulo Porto – Bem Cedo</span></b></div>
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Parece nepotismo, mas não é. O segundo disco do multi-instrumentista capixaba — que por acaso é meu primo — revela um amadurecimento digno de nota. Riffs grooveados de quem tem o baixo como instrumento principal, letras complexas e experimentação de timbres alternativos. Aos poucos, tem criado uma marca registrada, semeada e florescida em algum terreno entre o britpop e o Los Hermanos.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Pode ser bem cedo”</div>
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<b>Por quê?</b> São muitas referências misturadas em uma mesma faixa. Detalhe para as viradas de bateria e para os backing vocals beatlemaníacos.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Interlúdio – Raiz</span></b></div>
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O grupo embarca na onda de novos artistas que referenciam e reverenciam o Clube da Esquina. Estética folk rock, com nuances de Guitar Hero e indie rock. As ambiências que o disco propõe casam perfeitamente com as letras tão poéticas e, ao mesmo tempo, tão cristãs do vocalista Diego Marins. O timbre dele, por sinal, soa diferente em um primeiro momento, mas cativa rápido dentro do contexto da banda.</div>
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<b>Não deixe de ouvir</b>: “Raiz”</div>
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<b>Por quê?</b> Porque a faixa é um crescendo contínuo. Começa com cara de jam session de fim de show e termina com um solo épico. Você bate cabeça junto.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Josh Garrels – Home</span></b></div>
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A pegada retrô das primeiras faixas situa o disco entre os anos 60 e 70, mostrando que você não está diante de uma obra qualquer. A voz encorpada ganha força nos falsetes, trazendo à tona as diferentes influências do artista. O balanço e a delicadeza das faixas misturam folk, R&B, indie, tudo e mais um pouco na mesma panela. Dica mais que preciosa do leitor Eliezi Luiz.</div>
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<b>Não deixe de ouvir:</b> “Colors”</div>
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<b>Por quê?</b> O piano wurlitzer e o órgão hammond, com seus timbres retrôs, casam com o vocal em falsete do refrão, criando um tom intimista. Em dia de chuva funciona ainda melhor.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Versos Que Compomos na Estrada – Desate</span></b></div>
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Curto e intenso. Não há frase que resuma melhor o impacto que este EP de 12 minutos causa. Impossível passar impassível diante da doçura regional que marca o trabalho. Resultado da combinação de vozes dos protagonistas deste duo e do violão habilidoso, guia das melhores harmonias do disco. Descobri no catavento*.</div>
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<b>Não deixei de ouvir</b>: “Candeeiro”</div>
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<b>Por quê?</b> Os acordes e melodias evocam o que há de melhor na música nordestina. E eles ainda conseguem fazer um uso simplista e moderno da sanfona. Coisa bonita de ouvir.</div>
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<b><span style="font-size: large;">Tulipa Ruiz – Dancê</span></b></div>
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Confesso que torci o nariz quando imprensa e blogs especializados jogaram luz sobre Tulipa no mesmo ano em que Marcelo Jeneci e Léo Cavalcanti debutaram para a música nacional. “Religar”, de Léo, por sinal, é o melhor e mais subestimado dos três discos — mas isso é assunto para um possível outro post. O fato é que Tulipa deu mostras do que é capaz no excelente segundo disco (“Tudo Tanto”, 2012) e mostrou que ainda tem muita lenha para queimar em seu último trabalho. Uma aula de música alternativa, ainda assim, acessível e de qualidade.</div>
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<b>Não deixe de ouvir:</b> “Proporcional”</div>
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<b>Por quê?</b> Além da mensagem de enfrentamento aos padrões de beleza, destaco os arranjos do naipe de metais. Alternam muito bem entre as respostas rápidas e as “camas” para as variações harmônicas.</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-77113504853251083982016-01-26T15:09:00.000-02:002017-03-03T15:21:29.749-03:00The Brilliance: a melhor descoberta de 2015<div style="text-align: justify;">
A música de adoração contemporânea segue uma espiral quase obrigatória para compositores e produtores desde que Michael W. Smith lançou uma série de álbuns do gênero na virada dos anos 2000 e emplacou hits mundiais — cantados até hoje em diferentes versões nas igrejas brasileiras. Fazer cantos congregacionais virou uma fórmula exata, estabelecida não apenas pelo conforto das congregações, mas pelas grandes gravadoras: um crescendo que mistura Coldplay, U2, letras simplistas e clichês de apelo emocional.</div>
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Pensar um álbum que inspire a alma, edifique a vida cristã e surpreenda musicalmente requer esmero, capacidade técnica e conhecimento teológico profundo. Por esta razão, dedico-me neste post a esmiuçar a alegria de ter descoberto o duo The Brilliance. Seu disco de estreia, “Brother” (2015, Integrity), é sem dúvida o melhor álbum cristão que ouvi no ano passado. Há uma beleza triste nesta obra que envolve e cativa logo nas primeiras audições, fruto do trabalho profícuo de John Arndt e David Gungor.</div>
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Os leitores que acompanham um pouco do universo alternativo da música cristã devem ter reconhecido o sobrenome de um dos integrantes da dupla. David Gungor, como se supõe, é membro do coletivo Gungor, liderado por seu irmão Michael Gungor, bem como John Arndt, pianista do aclamado grupo. Em se tratando de The Brilliance, no entanto, o sobrenome pouco vale. O carro-chefe do duo é o piano sensível, clássico e minimalista de Arndt, autor de arranjos e harmonias fascinantes — sendo econômico nos adjetivos.</div>
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A introdução de “Yaweh”, uma das mais marcantes do álbum de estreia, é peça digna de Debussy e outros gênios da música instrumental. É possível ouvir a batida das teclas e o abafador pressionando as cordas do piano, uma proposta orgânica que logo contrasta com o baixo eletrônico e o loop artesanal de bateria, tudo isso associado ao arranjo vocal, digitalizado na medida certa. A sobreposição de violoncelos e sintetizadores causa a estranheza necessária para prender o ouvinte em seu mergulho lento na ótima letra.</div>
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“Jeová, aqui estão Suas crianças clamando por paz / Pai, derrama seu Espírito, prepare nossos corações para Ti / Sol da manhã, venha em Sua sabedoria / Salve-nos de nós mesmos / Jesus, venha em nossas fraquezas / traga esperança a todo o mundo”, entoa o hino. O clipe lançado pelo duo em agosto do ano passado amplia o grau de compreensão da letra: gravado na zona de conflito entre Israel e Palestina, o vídeo transforma a prece solitária em um alarido de dois povos.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/vNLh-hAZe7U?ecver=1" width="640"></iframe></div>
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A faixa-título do disco comprova a capacidade de entregar surpresas ao longo de poucos minutos. “Brother” tem características que assemelham o som do The Brilliance ao trabalho do próprio Gungor. A presença de muitos instrumentos e vocais, entretanto, remete a outra figura sempre citada pela crítica quando o assunto é o “pop barroco”: Sufjan Stevens. A megalomania de alguns arranjos e o número de integrantes nos poucos registros ao vivo disponíveis na internet — que passa longe de se restringir aos dois protagonistas — validam a comparação com o multi-instrumentista já citado aqui no blog.</div>
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A letra de “Brother”, por sinal, é outro acerto do grupo, se equilibrando entre o devocional, a adoração e a crítica social. “Quando olho no rosto do meu inimigo, vejo meu irmão”, repete David Gungor dezenas de vezes, enquanto cordas, piano e baixo se revezam nas respostas da linha melódica. “Abra nossos olhos para ver as feridas que unem toda a humanidade”, declara outro trecho da canção.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/w38mhsb0JXo?ecver=1" width="640"></iframe></div>
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“Breathe”, outro ponto alto do álbum, possui estrutura rítmica similar a alguns trabalhos do Gungor — exceto pela introdução clássica ao piano. O riff com o violoncelo em seu momento guitar hero, acrescido de longos acordes de violino, lembra o conceito que guia “Dry Bones”, por exemplo. Nada que arranhe a competência do duo — ao contrário, a comparação ressalta a competência técnica de seus integrantes.</div>
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E ainda que este post seja destinado a avaliar o disco de estreia do The Brilliance, não poderia deixar de citar seu mais novo EP, “See The Love”, disponibilizado para streaming neste mês. Com três músicas inéditas — destaque para “Love Shall Overcome”, que apresenta uma levada mais dançante, algo inédito até então –, o compacto traz também um remix de “Brother” com o rapper Propaganda, um dos mais relevantes da música cristã.</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-7864395343566161782016-01-20T15:02:00.000-02:002017-03-03T15:04:51.092-03:00Meu primeiro vinil (ou O dia em que me senti o Pablo Escobar do rock)<div style="text-align: justify;">
Consumir música boa nos anos 90 era difícil. Especialmente se você morava no interior do Espírito Santo. Ou era membro de uma igreja pentecostal tradicional. Mais ainda se possuía um 486 com 12 MB de memória RAM sem modem e não desfrutava das maravilhas do Napster e do pulso único. Sem acesso a boas publicações, minhas descobertas estavam restritas ao catálogo de lançamentos disponível para consulta na loja de discos da cidade — e não era raro comprar um álbum internacional pelo nome da banda sem saber se aquilo era reggae ou rock.</div>
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Nascer em uma família de músicos foi parte de minha ventura rumo às riquezas da boa e genuína música brasileira, no entanto, nada me afortunou mais que ter um pai roqueiro. Cresci ouvindo repetidas vezes, nos mínimos detalhes, o relato do momento em que Freddie Mercury surpreendeu a plateia no Rock in Rio de 1985. Ou sobre os discos importados de AC/DC, Black Sabbath, Led Zeppelin, etc., que meu pai trocou por um Fusca usado. Sim, eram tantos e tão raros que valeram um automóvel usado logo depois do meu nascimento.</div>
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Parte deste acervo ficou guardado na casa de um tio após a conversão do meu pai ao Cristianismo e só fui descobri-los mais ou menos em 1998, aos 12 anos, por pura sorte. Eram dois álbuns que nunca apareceram em listas de melhores discos da história, mas começaram a pavimentar meu gosto pelo rock e minha experiência como ouvinte: Powerslave (1984), do Iron Maiden; e We’ll Bring The House Down (1981), do Slade. Lembro do encantamento com as capas cheias de detalhes, apreciadas como um turista que observa a Monalisa.</div>
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E aqui começa minha experiência como traficante de música boa:</div>
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<li style="text-align: justify;">Sem poder transportar os discos livremente, primeiro tratei de escondê-los no meu próprio quarto numa operação digna de James Bond;</li>
<li style="text-align: justify;">Ouvi-los, porém, seria ainda mais desafiador. Sem um toca-discos em casa, precisei recorrer à casa de dois primos próximos que tinham um aparelho no quarto;</li>
<li style="text-align: justify;">Como em um bom filme de espionagem, planejei carregar comigo os discos durante a noite e finalmente consegui autorização para dormir na casa dos primos;</li>
<li style="text-align: justify;">Para não chamar a atenção, camuflei os álbuns dentro de uma grande almofada de espuma com estampas de araras. Um Pablo Escobar do rock.</li>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/E-HA_M_-OFc?ecver=1" width="640"></iframe></div>
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Para quem ouvia apenas Catedral, Resgate, Oficina G3, Katsbarnéa e Fruto Sagrado, acompanhar a bateria de abertura de “We’ll Bring The House Down” foi libertador. Toda a efervescência do rock ali, diante de três pré-adolescentes ansiosos por músicas novas, algo que só voltei a sentir quando finalmente tive acesso à banda larga e pude baixar meus próprios discos e me surpreender com artistas que desconhecia.</div>
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O objetivo deste texto não é soar saudosista. Ainda bem que temos hoje a internet como aliada para ouvir, quase em tempo real, o que é lançado em qualquer lugar do mundo. Mas esta experiência me diz muito sobre o valor que damos à ferramenta que temos em mãos e aos discos que encontramos pela web. Quem reclama da qualidade das músicas atuais, definitivamente, não sabe usar o Google, não presta a devida atenção no que ouve ou está restrito ao cardápio dos programas de TV — ou não lê o catavento*.</div>
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Temos um universo de possibilidades diante de nós. Quantos “Os Arrais” e seu folk chorado ganhariam espaço em grandes gravadoras nos anos 90? Quantos “Interlúdio” e “Versos Que Compomos na Estrada” ainda descobriremos por meio da internet somente neste ano? Ainda que não precisemos traficar música boa, como fiz na infância, seria salutar se, ao menos, pudéssemos dar mais valor ao que encontramos em nossas andanças virtuais. Ouça com carinho o que lhe for oferecido. E se for bom, traga para mim numa almofada de espuma.</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-17429121114156376752015-12-30T17:02:00.000-02:002017-03-03T14:59:56.005-03:00Os discos que não ouvi em 2015<i>Texto originalmente publicado em <a href="http://www.catavento.me/os-discos-que-nao-ouvi-em-2015/" target="_blank">Catavento*</a></i><br />
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Esta não é uma lista de fim de ano, muito menos uma justificativa para a ausência de um ranking de melhores discos e filmes de 2015 no blog. Esta é, na verdade, uma postagem que exalta o penoso ofício de consumir arte em ritmo lento -- algo que descobri há alguns anos e tive de aperfeiçoar nos últimos 12 meses.<br />
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O Slow Movement é um movimento cultural iniciado nos anos 80 com o irônico slow food -- o nome deixa claro do que se trata -- e rapidamente aplicado a outras vertentes: slow money, slow fashion, slow cinema, etc. Em resumo, se trata de viver de forma mais lenta, desfrutando de forma aprofundada das relações humanas e freando o consumismo.<br />
<br />
Em abril de 2015, me tornei pai de uma moreninha com olhos de jabuticaba e, naturalmente, dediquei a maior parte do meu tempo à ela desde então. Olhando a pasta de downloads e os discos no Spotify, não passei de 15 álbuns novos neste ano. Um recorde negativo (?) para quem está habituado a ouvir, analisar e escrever sobre os lançamentos recentes.<br />
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Neste contexto, o Slow Movement se tornou uma necessidade no meu dia a dia. Entre fraldas, banhos e engarrafamentos no trajeto casa-trabalho-casa, pouco acompanhei dos principais discos, tendências e filmes em cartaz. Como jornalista, me esforcei para manter o ritmo apenas na leitura de notícias de economia e política.<br />
<br />
Passada a abstinência dos primeiros dias, me peguei pensando no que cantou Caetano no Festival de 67: “o sol nas bancas de revista / me enchem de alegria e preguiça / quem lê tanta notícia?” Os versos permanecem atuais em tempos de redes sociais: quem curte tantas fotos? Quem vê tantos vídeos? Quem lê tantos tuítes? Quem conta tantos likes?<br />
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Com um pendrive lotado de músicas “velhas” no carro, tive a oportunidade de redescobrir nuances, melodias, resignificar frases e encontrar beleza em discos que ouvi na correria em 2014, 2013… Foi na impossibilidade de me atualizar no frenesi da vida moderna que aprendi a enxergar beleza no que estava em minhas mãos o tempo todo.<br />
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Até mesmo na Netflix, que lança séries em ritmo alucinado, optei por ver filmes há tempos na lista de pendências. Ironicamente, “O Feitiço do Tempo” (1993) foi uma destas obras que redescobri em 2015. A história do jornalista preso nos eventos de um mesmo dia foi um disparador de reflexões acerca dos valores que damos à vida e às pequenas coisas.<br />
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Enquanto minha filha crescia, pude perceber o quanto seu ritmo de aprendizado me ensinou. Examinando cada som, cada gesto e cada cor infinitas vezes, fui entendendo que é na repetição que eles moldam o mundo ao seu redor. Maria degustou cada nova fruta com atenção e curiosidade; cada colherada como se fosse a primeira. Por que não ser assim na vida?<br />
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As lições de 2015 deixaram marcas e moldaram o ser humano que pretendo ser em 2016. Que possamos investir mais tempo em fruição estética e menos em ritmo de consumo. Que as listas tirem do foco o que é necessariamente novo ou inovador e abram espaço para o que nos emociona, nos toca de forma sincera e nos muda para melhor.<br />
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Mais conteúdo. Menos ritmo.Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-59125872350315427832015-12-23T16:58:00.000-02:002017-03-03T14:58:53.637-03:00Como Sufjan Stevens fez o maior disco de natal da história<i>Texto originalmente publicado no <a href="http://www.catavento.me/como-sufjan-stevens-fez-o-maior-disco-de-natal-da-historia/" target="_blank">Catavento*</a></i><br />
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Megalomaníaco, excêntrico e audacioso não são adjetivos adequados à figura franzina, de voz maviosa e perfil reservado de Sufjan Stevens; à sua obra sim. Após dois discos pouco conhecidos, foi em “Sufjan Stevens Presents... Greetings from Michigan, the Great Lake State” (2003) e “Sufjan Stevens Invites You To: Come On Feel the Illinoise” (2005) -- sabiamente abreviados para “Michigan” e “Illinois” pelos fãs -- que o multi-instrumentista, compositor, produtor e cofundador do selo Asthmatic Kitty encantou público e crítica.<br />
<br />
Com uma mistura de folk, orquestra, pop, indie, eletrônico, lo-fi e mais quantos gêneros você for capaz de identificar e descrever, Sufjan [lê-se “súfian”] prometia lançar um disco para cada um dos 50 Estados americanos. Cinquenta discos, você leu certo. A afirmação, naturalmente, não passava de jogada de marketing, mas ninguém ousava duvidar da extravagância do compositor que fazia títulos de canções “intuitáveis” (Aurélio, aí vou eu).<br />
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Nem o próprio autor deve ter decorado o título de “The Black Hawk War, or, How to Demolish an Entire Civilization and Still Feel Good About Yourself in the Morning, or, We Apologize for the Inconvenience but You're Going to Have to Leave Now, or, 'I Have Fought the Big Knives and Will Continue to Fight Them Until They Are Off Our Lands!”. Ouvindo a canção, é impraticável numerar os instrumentos presentes no arranjo de pouco mais de dois minutos.<br />
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Misturando referência bíblicas, confissões de fé, relatos banais do cotidiano e histórias melancólicas com a mesma destreza de um confeiteiro experiente, Sufjan ficou marcado na história da música contemporânea por suas texturas, nuances e ambiências, seus sabores e dissabores. É essencial compreender até o contexto familiar em que o artista foi criado para dimensionar a importância de alguns de seus trabalhos -- “Carrie & Lowell”, lançado neste ano, fala da esquizofrenia da mãe, que abandonou os filhos ainda pequenos.<br />
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Mas por que falar de Sufjan Stevens e sua obra às vésperas do Natal? Discos natalinos especiais são uma tradição no mercado fonográfico americano e, durante algum tempo, foram emulados no Brasil -- vide o sucesso estrondoso de “25 de Dezembro” (1995) de Simone, eternizado em nossas mentes graças à versão tupiniquim de “So this is Christmas”, do Lennon. Eu, particularmente, não gosto desta tradição americana. São discos pasteurizados, feitos para o mercado, cheios de versões sem graça para as mesmas canções de sempre.<br />
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Em Sufjan Stevens e sua megalomania, obviamente, encontramos uma exceção. Gravado entre 2001 e 2012, “Songs for Christmas” foi inicialmente distribuído para amigos, fãs e familiares do artista. Lançado oficialmente em coletâneas especiais em 2006 e 2012, o trabalho mistura repertório natalino e composições próprias, reunindo 284 minutos -- quase cinco horas de música. A variação de gêneros e estilos torna a experiência prazerosa e curiosa. Há espaço para psicodelia, deboche, exaltação cristã e canto infantil. E muito mais.<br />
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Estão lá as tradicionais “Holy, Holy, Holy”, “Amazing Grace”, “Jingle Bells”, mas também “Christmas Unicorn”, “Lumberjack Christmas” (feita em parceria com os guitarristas do The National) e “Christmas Woman”, que em nada lembram a temática espiritual e reflexiva que marca o Natal. O tom despretensioso do disco é seu ponto forte. Não há uma estética padrão e uma referência obrigatória à data -- embora boa parte das canções tenha elementos natalinos. Algumas das composições evocam o que há de melhor na obra do artista.<br />
<br />
A desordem é proposital. Vivemos em um mundo cada vez mais corrido, confuso e desnorteado. Muitos anseiam o Natal ao mesmo tempo em que refutam a ideia de reencontrar familiares e aturar pela milésima vez as piadas do “tio do pavê”. A obra caórdica de Sufjan talvez seja o retrato mais verossímil do Natal como conhecemos hoje. Tensão e paz lado a lado, alegria e melancolia, entre tantas outras dicotomias possíveis. “Por que a música de Natal continua agitando nossos corações envelhecidos?”, questiona o artista em sua página oficial.<br />
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“O Natal é chato [...] Esta é a verdadeira catarse do show de horrores do Natal: o vazio existencial que persevera no coração do homem moderno enquanto ele imprudentemente busca a felicidade e volta de mãos vazias. E, no entanto, contra todas as probabilidades, continuamos a cantar nossas músicas de Natal”, enfatiza. “Será o firme fundamento das coisas que se esperam ou a prova das coisas que se não veem? Ou será a energia sem limites deste feriado bastardo, tão irregularmente explorada e adaptada indecentemente? Talvez seja isto: a música do Natal faz justiça a um mundo de crimes, casando sagrado e profano, gritando profecias do Messias na mesma respiração tempestuosa com que entoa jingles de TV”.<br />
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Neste Natal, deixe-se guiar pela voz doce de Sufjan, mas acredite: as verdades que ele canta merecem reflexões mais duradouras que a ceia natalina.<br />
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<b>Songs for Christmas: Vol I-V</b><br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/WbTa0dGcF28" width="560"></iframe><br />
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<b>Songs for Christmas: Vol VI-X</b></div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/3r9EAwCml3w" width="560"></iframe></div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-2952481980556108982015-12-10T16:17:00.000-02:002017-03-03T14:57:27.080-03:00Conheça o rap (e a faca amolada) de kivitz<i>Texto publicado originalmente no <a href="http://www.catavento.me/especial-conheca-a-faca-amolada-e-o-rap-de-kivitz/">Catavento*</a></i><br />
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A igreja brasileira vive uma de suas mais longas e lastimáveis trincheiras. A pluralidade de tolices que ecoa dos incontáveis templos torna-se cada vez mais excêntrica, amplificada pelo espaço conquistado nas TVs, nas grandes gravadoras e na Política nacional. A bancada da insensatez segue sua marcha, cada vez mais distante da mensagem original do Evangelho. O cenário apocalíptico corrompe líderes e seduz pastores, mas não intimida a faca amolada travestida em verso & beat de Vitor Kivitz.<br />
<br />
Disparando contra o modelo de vida propagado em rede nacional, kivitz -- alcunha artística do rapper paulista de 26 anos -- é profeta de uma nova geração de cristãos, moldada por blogs, podcasts e debates no universo virtual. “Os profetas que têm espaço na TV são falsos, fazem um desserviço ao Evangelho. Todos que já assisti pregaram um Evangelho que não é o mesmo que eu creio”, pontua, ao mesmo tempo em que rechaça o papel de porta-voz.<br />
<br />
<div>
<blockquote class="tr_bq">
minha profissão profeta faz minha meta ser<br />
calar tua voz e de todos que parecem com você<br />
fazer meu povo desligar a TV<br />
por isso pára, malafeia, mala cheia<br />
toma vergonha na cara<br />
- trecho de “Crente Block”</blockquote>
<br />
“Por muito tempo eu fui [sedento por alguém que me representasse], mas não sei se isso é saudável”, analisa. “É algo que penso bastante. Eu acho que a identificação é natural; a empatia. Se fosse outra pessoa, não gostaria que eu a representasse. Isso é mais um retrato do Brasil e dos EUA -- cultura que atualmente mais bebemos. São culturas sem líderes, políticos omissos, distantes… e os jovens acham seus líderes na arte”, exemplifica.<br />
<br />
Com mais de três mil curtidas no Facebook e 100 mil execuções no Soundcloud, kivitz se surpreende com o alcance de suas rimas -- “esperava umas 20 mensagens”, fala sobre o dia em que gastou horas enviando faixas que prometeu no Facebook -- e vibra com o público que aglutinou, bem mais complexo que a caricatura cristã impregnada no imaginário popular. “As pessoas que admiram meu trabalho são maduras, trocam ideia e seguem a vida delas”.<br />
<br />
Fazendo rap desde os 13 anos, kivitz tem pai pastor e mãe assistente social. Aprendeu violão ainda criança, quando tocava Djavan -- “sempre gostei de música, mas sempre preferi as letras”. Classe média, sonha cursar Filosofia, mas tem os dois pés cravados nos duros exemplos que acompanhou desde sempre. “A igreja é uma salada de realidades e a comunidade cristã em que eu cresci sempre teve como prioridade a parte social”, relata.<br />
<br />
Influenciado pela mãe, frequentou por dez anos a Fundação Casa, em especial a de Franco da Rocha, localizada na região metropolitana de São Paulo. Nas visitas semanais, moldou um senso crítico resultante da “bíblia e da cultura judaico cristã, somadas ao rap nacional”. Jesus, Sabotage, Kamau, Rappin Hood e o pai -- o conhecido pastor Ed René Kivitz -- são referências cruzadas, explícitas ou não em sua obra.<br />
<br />
Kivitz não lembra como o rap entrou em sua vida, mas desde que o conheceu, não hesitou em cumprir seu papel. “O rap é compromisso, ensinou Sabotage”, relembra. “Ninguém cobra de um cantor de sertanejo que ele viva o que canta, do MC sim. É a cultura. O [Mano] Brown gravou uma música com o Naldo e ouviu uma pá. A rapaziada inclusive força a barra, se mete demais (risos). Mas é o preço de ser uma cultura construída em comunidade, as pessoas se sentem parte. Acho isso lindo”, ressalta.<br />
<br />
“Mano que sabe rimar e tem uma voz marcante virando líder de uma juventude. Graças a Deus estamos vivendo um bom momento, com artistas que assumiram essa responsabilidade. Acho que dos estilos [musicais o rap] é o que mais mantém essa característica. [É mais] maduro em relação à idolatria, babação de ovo. O rap e o Evagelho trazem essa mensagem: todos são iguais. Então fica até incoerente [ter fãs deslumbrados]”, explica.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
sem a fantasia do Jesus bonzinho<br />
sigo o nazareno loko da revolução<br />
não o santo, barba feita, cabelo lisinho<br />
curto aquele acusado como beberrão<br />
que sem drink lá na festa fez da água, vinho<br />
sou mais esse que jantou na casa do ladrão<br />
- trecho de “O último cristão”</blockquote>
<br />
<b>Igrejas engajadas</b><br />
<br />
O alinhamento entre Cristianismo, Humanismo, Evangelho e rap reverbera na realidade que tem encontrado pelo Brasil. A aproximação entre a instituição igreja e a comunidade vem sendo liderada por jovens, garante kivitz. “Tenho rodado algumas comunidades completamente engajadas nas questões sociais. Já fui a eventos em igrejas em que o tema era racismo, orfandade, outro foi para discutir essa distância entre igreja e sociedade”.<br />
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“O que é bonito que eu tenho visto são jovens que tem puxado os ministérios nas igrejas. São jovens universitários, engajados em movimentos sociais, que não ouvem música gospel. Esses jovens têm assumido papel de liderança nas comunidades. Muitos compram brigas, mas é isso mesmo. Jovem tem que comprar briga, senão não muda”, relata, empolgado com a mudança em curso na comunidade cristã brasileira.<br />
<br />
Questionado sobre a utopia da igreja ideal, kivitz joga luz sobre o papel de cada membro, desconstruindo a visão institucionalizada do Cristianismo. “A igreja é ideal [grifo da reportagem]. Ela não é perfeita, porque a igreja são pessoas. A igreja-pessoas trouxe o Evangelho vivo até hoje, mais de 2000 anos. Depois do ministério de Jesus, a igreja é o movimento popular mais duradouro e impactante da história”, enfatiza.<br />
<br />
Dentro ou fora da igreja, as letras ácidas e impactantes rendem “inúmeros retornos, diversos testemunhos”. “Eu vejo as pessoas torcendo o nariz mais pela mensagem. O evangelho, o rap, eles incomodam. Acho que o mais gratificante pro MC é ouvir de alguém: ‘você cantou o que eu queria ter cantado, você disse o que eu queria ter dito!’ ou ‘parece que fui eu que escrevi essa musica’. Pô, eu chapo ouvindo isso”.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
minha missão em cada faixa que se prensa /<br />
é a desconstrução do que cê acha que cê pensa /<br />
uma expansão que não se encaixa em toda crença /<br />
[...]<br />
imagina se tivesse um nome que surgisse /<br />
e ouvisse nossas preces /<br />
e cês ainda acredita no amor como saída /<br />
ou é vaidade? tudo é vaidade<br />
- trecho de "Vaidade"</blockquote>
<br />
O peso que kivitz joga sobre os ombros dos rappers contrasta com a despretensão com que analisa a cena da música cristã contemporânea. “Quem sou pra esperar algo mais. [Tô] lutando pra fazer minha parte. Cada artista tem sua ideologia, seus objetivos”. Sobre a própria obra, o paulista resume. “Artista não faz nada voltado para lugar nenhum, artista põe sua alma naquilo que faz. No meu caso é a música. Eu sou cristão, discípulo de Cristo, da linhagem ‘só por hoje’, então minhas poesias apontaram pra isso de alguma maneira. Agora, em que prateleira vão colocar minha música não é mais problema meu”, sentencia.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/HqbiitsV4vU" width="560"></iframe><br />
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<b>Primeiro EP</b><br />
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Produzido “a 12 mãos”, o EP “casa ≠ lar” (2015) foi lançado em dezembro e abre a discografia oficial do artista -- antes espalhada em diversas tracks disponibilizadas em serviços de streaming. O rap de kivitz também teve voz na canção <a href="https://www.youtube.com/watch?v=wrUnqwFYQNg">"Nação da Cruz" de Daniela Araújo</a>.<br />
<br />
Com cinco faixas, casa ≠ lar se destaca pela excelência na produção dos beats, “orgânicos” e gravados com a participação de músicos de alto nível. O baixista que conduz o groove de “Profetas”, por exemplo, é Robinho Tavares, figura frequente nas bandas de Ed Motta, Max de Castro, Simoninha e outros grandes da música negra nacional.<br />
<br />
Os pianos elétricos, sintetizadores e guitarras dão o tom nos melhores arranjos do disco, fugindo dos loops “engraçadinhos” ou das batidas eletrônicas retas. Desambicioso, o curto EP se encerra com kivitz esclarecendo que “se o resultado disso aqui for o sucesso, alguma coisa tá errada”. E é graças a esse descompromisso comercial que o rapper consegue encaixar “puta que lavou os pés de Cristo” e “Jesus papai noel já deu no saco” na mesma faixa (“O Último Cristão”).<br />
<br />
Sobre o possível sucesso, kivitz é direto. “De que sucesso estamos falando, né? Uma música e uma fé que propõem o embate contra a ‘Babilônia’ não pode ser abraçada por ela. Se você for ver, o de Jesus fez sucesso: é o livro mais vendido, o nome mais falado, mas [ele] morreu aos 33 crucificado e mal falado. Abrangência é diferente de sucesso”, conclui. Complementando com trecho de “Profetas”, a análise faz sentido: “profetas sempre foram mal vistos, mal quistos [...] o dia em que o rap virar moda ele morreu”, entoa em “Profetas”.</div>
Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-87087992239550905582015-12-01T16:10:00.000-02:002017-03-03T14:54:55.068-03:00Precisamos conversar sobre Matthew Perryman Jones<br />
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<i>Texto originalmente publicado no <a href="http://www.catavento.me/precisamos-conversar-sobre-matthew-perryman-jones/" target="_blank">Catavento*</a></i></div>
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Três artistas americanos habitam o consenso imaginário da música cristã contemporânea: Michael Gungor, Jon Foreman e John Mark McMillan. O primeiro, apesar dos discos em carreira solo e da habilidade com as guitarras, ganhou notoriedade graças ao coletivo formado com a esposa – que agregou também o exímio pianista John Arndt e o multi-instrumentista David Gungor, líderes do The Brilliance.<br />
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McMillan foi catapultado ao estrelato com “How He Loves” e vagarosamente mostrou solidez no repertório. Por fim, temos Jon Foreman, de longe o mais conhecido e aclamado do trio. Frontman do Switchfoot, soube usar da simplicidade em suas incursões pelo folk e, atualmente, tem na fase singer-songwriter (ou cantautor, como grifam os lusitanos) um trabalho mais interessante que o rock de arena californiano.<br />
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<a href="http://www.mpjmusic.com/">Matthew Perryman Jones</a> não tem distribuição oficial de seus discos no Brasil, não costuma aparecer em listas de “melhores artistas cristãos” (problema resolvido!) e não integra uma grande gravadora americana – apesar de figurar ao lado de Leigh Nash, Andrew Belle e Katie Herzig no Ten Out of Tenn. Ainda assim, o prognata cantautor radicado em Nashville – terra que revelou gente como Johnny Cash e Willie Nelson – cria ambiências propícias à reflexão dignas de grandes nomes da música.<br />
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Com uma discografia extensa, iniciada nos idos de 2000, MPJ se equilibra na divisa do folk com o rock alternativo, trazendo à tona nuances do indie, com reverberações, timbres vintage e melodias tocantes. Lembra Ryan Adams em alguns momentos, com um acréscimo de pesar e melancolia na voz, dando tom lúgubre até mesmo às canções supostamente ensolaradas. Depressivo e reflexivo na medida certa.<br />
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Em “Echoes of Eden”, do bem produzido “Throwing Punches in the Dark” (2006), Jones entoa: “ecos do Éden / nossos gritos de liberdade / nos levarão àquela Cidade glorificada”. “Save You”, outro hit, traz conflitos à tona: “quero voar para longe / mas estou presa ao chão / me ajude a decidir / me ajude a me maquiar / me ajude a fazer minha cabeça / aquilo não te salvaria?”.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/PnGNWFV6Rak" width="560"></iframe><br />
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O talento para a construção de estribilhos grudentos rendeu ao compositor dezenas (!) de inserções em um dos terrenos mais férteis do mercado musical americano: as séries de TV. De “Grey’s Anatomy” a “Vampire Diaries”, passando pelo filme “O Que Esperar Quando Está Esperando” (que eu, pai há poucos meses, achei bem engraçado), em tudo há uma pontinha de refrão ou um arranjo que cativa o ouvinte desapercebido.<br />
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O próprio Gungor se rendeu à habilidade de MPJ, regravando em “One Wild Life: Soul” (2015) uma versão de “<a href="https://www.youtube.com/watch?v=DP1m28ALWT4">Land of the Living</a>”, faixa-título do álbum lançado em 2012 via financiamento coletivo. Lisa Gungor compartilhou a emoção no twitter da banda: “Michael e eu estamos gravando as primeiras vozes de um cover de MPJ. Estou em lágrimas! ESSA LETRA”, descreveu.<br />
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<blockquote class="twitter-tweet" data-lang="pt">
<div dir="ltr" lang="en">
Ohmygosh. Michael and I are putting down the first vocals for a cover of a Matthew Perryman Jones song, I am in tears. THESE LYRICS</div>
— Gungor (@gungormusic) <a href="https://twitter.com/gungormusic/status/567453020477071360">16 de fevereiro de 2015</a></blockquote>
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Inúmeras canções merecem destaque ao longo da discografia de Matthew Perryman Jones: “Canción de La Noche”, “O Theo”, “Stones From The Riverbed”, “Capsized”, “Cold Answer”, “Untill The Last Falling Star”, entre tantas outras que nos comovem pelas letras, harmonias e melodias cuidadosamente construídas. E agora que já conversamos sobre, que tal ouvir um pouco de Matthew Perryman Jones?<br />
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Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-80512859442387375432015-11-23T16:03:00.000-02:002017-03-03T14:53:41.446-03:00Em Xeque: pra onde vais, Silva?<div>
<i>Texto originalmente publicado no <a href="http://www.catavento.me/em-xeque-pra-onde-vais-silva/" target="_blank">Catavento*</a></i></div>
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<a href="https://www.youtube.com/watch?v=moOdTqBA4Jo&list=PLdsZCgoOsJQvQ2VW2YOPMmVYn2lFdRgi5&index=1">“12 de Maio”</a> deixou de ser uma data comum em 2011, quando o capixaba Lúcio Souza – conhecido até então como tecladista e produtor dos discos “Cidade do Amor”, o melhor da carreira de seu irmão Lucas Souza, e “Esperar é Caminhar”, do Palavrantiga – presenteou o indie pop brasileiro com “SILVA” (2011), EP homônimo que abria seus trabalhos como cantor e revelava o sobrenome menos conhecido da família.<br />
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A mistura de dream pop e chillwave criava uma atmosfera nova no cenário nacional, atraindo a atenção das principais revistas especializadas e do selo Slap, da toda-poderosa Som Livre. A diversidade de comparações provava o ineditismo do som do capixaba, apontando de Guilherme Arantes (com toque menos “mão-de-pedreiro”) ao britânico James Blake (em versão medicada com antidepressivos).<br />
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“Claridão” (2012, Slap), disco muito aguardado pela imprensa e pela legião de fãs que se formou rapidamente, veio embebido em reflexões e novas texturas eletrônicas. “Paraíso / ninguém vai tirar nossa condição / Deus é riso / e hoje tem luar, tem claridão”, entoava SILVA no refrão da faixa-título, que abusa de loops, sintetizadores e conta até com trechos de canto lírico na salada de experimentos.<br />
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O álbum seguinte, “Vista pro Mar” (2014, Slap), produzido na ponte aérea Brasil-Portugal, simplifica as nuances já apresentadas, dando lugar a trompetes, saxofones e outros elementos orgânicos até então incomuns na discografia. Mais um ano se passa e cá estamos nós diante de “Júpiter” (2015, Slap), anunciado pelo próprio SILVA como “o mais minimalista possível”. A contextualização histórica é essencial para a análise.<br />
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Em primeiro lugar, é preciso diferenciar minimalismo de simplismo. Construir composições inteiras em torno de um loop, um arranjo ou um conceito não são tarefas fáceis. Em “Eu Sempre Quis”, a estratégia dá certo – principalmente por abrir espaço para as guitarras de Rodolfo Simor, do <a href="https://archive.org/details/Solana-FelizFeliz">Solana</a>. Já a batida pobre de “Nas Horas” remete a um R&B preguiçoso. Um Seu Jorge sem gingado.<br />
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O tom “sexy” do álbum surpreende. Algumas canções parecem visar à pista de dança – não à toa, o <a href="https://www.youtube.com/watch?v=ne7xMq2kN4c">novo clipe</a>revela um Lúcio mais solto, arriscando passos em frente à câmera. O caminho havia sido indicado pelo single “Noite”, lançado também neste ano em parceria com Lulu Santos, especialista no assunto. A fórmula funciona em “Sou Desse Jeito”, mas cansa pela repetição. Falta dinâmica ao disco.<br />
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Um dos pontos altos é “Feliz e Ponto”, exatamente pela quebra de ritmo e pela letra sem melodramas. No geral, SILVA parece se aproximar cada vez mais do fofo-pop de Clarice Falcão e Tiago Iorc. Mira no universo das trilhas de novela em “Se Ela Voltar” e “Sufoco”, com rimas de amor adolescente – ambas em parceria com Lucas Souza. Desaparece o tom que marcou “Imergir”, “Cansei” e “Vista Pro Mar”.<br />
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“Júpiter pode ser começar de novo”, afirma o compositor em “Júpiter”. A órbita de recomeço que escolheu, porém, parece confusa e sem direção definida. Segue rumo às estrelas globais enquanto se afasta do Sol? O compositor capixaba está longe das marcas autorais que construiu até aqui, sob o risco de transformar-se em “só mais um SILVA” no panteão de nomes da nova MPB.Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-36682258759980402862015-11-22T12:22:00.000-02:002017-03-03T14:52:53.934-03:00Leia também no Catavento*Esqueci de avisar a vocês que comecei uma coluna no <a href="http://catavento.me/" target="_blank">catavento*</a> desde o fim de 2015. Por esta razão, como devem ter notado, parei de atualizar o feed deste blog.<br />
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Talvez eu faça um backup dos textos aqui, mas, ao menos por enquanto, a melhor maneira de acompanhar as análises de discos e dicas musicais que tenho feito é no <a href="http://catavento.me/rafaelporto" target="_blank">meu blog no catavento*</a>.<br />
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<a href="http://catavento.me/rafaelporto">catavento.me/rafaelporto</a></h2>
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<br />Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-48442095842640692742013-03-22T17:43:00.001-03:002016-02-23T12:29:43.602-03:00Timberlake, por que não?Justin Timberlake caminha a passos largos para assumir o posto de rei do pop. Quem acompanha este blog há algum tempo sabe que eu gosto bastante de Michael Jackson e eu não tenho vergonha de gostar do que é pop -- só tenho vergonha de tudo que é mal feito.<br />
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Quem nos dera todo o pop radiofônico tivesse a qualidade dos arranjos, da performance vocal (sem autotune!) e artística destes vídeos do Timberlake. A banda executando tudo ao vivo, com uma pegada digna dos melhores grooves dos anos 70, é uma raridade em um universo tão eletrônico:<br />
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<a href="https://www.youtube.com/watch?v=0umrvtA_pNc" target="_blank">Suite & Tie, ao vivo no SNL, no melhor estilo Michael Jackson:</a><br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/0umrvtA_pNc" width="560"></iframe><br />
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<a href="https://www.youtube.com/watch?v=Pg_WwprwplI" target="_blank">Pusher Love Girl, no programa da Ellen:</a><br />
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<iframe width="560" height="315" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/Pg_WwprwplI/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/Pg_WwprwplI?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
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<a href="https://www.youtube.com/watch?v=UD8tGWIqA-c" target="_blank">Sexy Back em uma versão ragtime, brincadeira vocal que só mostra a qualidade técnica do cara:</a><br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/UD8tGWIqA-c" width="560"></iframe>Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-23270870044727485542013-02-19T19:00:00.000-03:002013-02-19T19:43:25.999-03:00NPR, a rádio que sonhamosQuando eu digo que não ouço rádio, a maior parte das pessoas faz cara feia: ser autossuficiente em MP3s não é algo bem visto no país em que a massificação via rádios e TVs sustenta os grandes artistas brasileiros -- da Fernanda Brum ao Michel Teló.<br />
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Ouço CBN no carro pelo hábito jornalístico de acompanhar notícias o tempo inteiro, mas mesmo quando desejo ouvir algo novo e agradável, não consigo me ver representado em nenhuma das estações -- ao menos no Espírito Santo, onde a <a href="http://www.universitariafm.ufes.br/" target="_blank">Universitária FM</a> é quem mais chega perto de tal feito.<br />
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Há algum tempo acompanho as descobertas feitas pela rádio NPR, americana por raiz, mas aberta a experiências sensoriais multiculturais, de sons tão globalizados como só o mundo moderno poderia permitir. E é na internet que reside uma das grandes pérolas da rádio caça-talentos: seus <a href="http://www.youtube.com/user/nprmusic?feature=watch" target="_blank">vídeos do Youtube</a>.<br />
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Mentiria se dissesse que ouço a rádio via web, mas ao menos seus vídeos mostram como é possível sensibilizar os ouvintes com coisas novas, mesclando artistas conhecidos (a exemplo de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=XfzpYcwiUrA" target="_blank">Adele</a>) com novidades tão inusitadas quanto um coral masculino cantando música indiana e clássicos em latim.<br />
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A música, definitivamente, sempre nos guardará ótimas surpresas. Fico imaginando que melodias lindas o Céu nos apresentará...<br />
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<a href="http://www.youtube.com/watch?v=6I0Dk8cdfCA" target="_blank">Cantus</a>:<br />
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/6I0Dk8cdfCA?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<a href="http://www.youtube.com/watch?v=wMj-Ai9NOjY" target="_blank">Ben Gibbard</a>, do Death Cab For Cutie:<br />
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<br />Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-88544965316866603392013-01-28T11:55:00.003-02:002013-01-28T11:55:42.341-02:00o gospel em xeque<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibNTOKNXzrxZa-03y7Lw-kxp8eGabctamJayfqTC0kqSpe0vUF-G0u2VLuDn01-H8JjekPhj1BzzJvAyzZkKCHcr-E1behqZaRwV45fRKYNYtmX6tGp7Dxbs5_zFcgO8AzNmCyY_XXntSe/s1600/xeque-mate.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="xeque-mate divulgação internet" border="0" height="174" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibNTOKNXzrxZa-03y7Lw-kxp8eGabctamJayfqTC0kqSpe0vUF-G0u2VLuDn01-H8JjekPhj1BzzJvAyzZkKCHcr-E1behqZaRwV45fRKYNYtmX6tGp7Dxbs5_zFcgO8AzNmCyY_XXntSe/s200/xeque-mate.jpg" title="" width="200" /></a></div>
Comecei uma nova empreitada jornalística nesta minha vida de escritor da internet. Cansado de apenas ouvir lamentos saudosistas, do tipo "no meu tempo a música era melhor", resolvi analisar criteriosamente a produção cultural do mercado gospel atual.<br />
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Achei melhor apontar erros e clichês dos "artistas" que tem enchido os templos a me calar diante da disseminação de uma música tão insípida. Quero que o novo blog seja voltado especificamente para este propósito, por esta razão, não o misturei a este espaço pessoal.<br />
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Aos interessados em acompanhar a novidade, comecei fazendo uma análise do novo disco da Fernanda Brum, "Liberta-me", originalmente publicada no <a href="http://fitabruta.com.br/2012/10/fernanda-brum-liberta-me/" target="_blank">site cultural Fita Bruta</a>. Sintam-se à vontade para discordar da <b>1,5 estrela</b> que dei ao disco ou para aprofundar o debate levantado.<br />
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Espero vocês no <b><a href="http://ogospelemxeque.wordpress.com/">http://ogospelemxeque.wordpress.com</a></b><br />
<br />Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4008860048799249306.post-55379479807414130172012-11-12T22:31:00.004-02:002012-11-12T22:33:32.335-02:00"Carpinteiro" já está disponível para download!Caros companheiros, tudo bom?<br />
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Finalizei as gravações de "Carpinteiro", meu segundo single disponibilizado para download gratuito. A canção é ponto fora da curva no quesito estilo, algo bem diferente do que venho compondo/tocando, mas reflete verdades bíblicas que estão no centro de meu propósito com este ministério.<br />
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Que a letra e a melodia possam abençoar a vida de vocês!<br />
<span style="color: #303030; font-family: Verdana; font-size: x-small;"><span style="line-height: 19px;"><br /></span></span>
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<a href="http://musica.rafaelporto.com/" target="_blank"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnRIij13qEJ2BJtAm8hAqfOC54USFl8kZCQOds4Lv9KkwEJICImB7Q4JSA5RRlfD-su6ZG_t-rwJDHTsRKVb1hDy60KYDj-um8iF_9q27M6qAZPCTl3Vlqdm_tdX-ePn4J6UMvzEbH8aIn/s400/capa.jpg" width="400" /></a></div>
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<i><i><a href="http://musica.rafaelporto.com/" target="_blank">Clique na imagem ou aqui para fazer o download da canção</a></i></i></div>
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</i>Rafael Portohttp://www.blogger.com/profile/05133600493194511387noreply@blogger.com