028CULTURAS http://028culturas.com.br A VOZ E VEZ DO CACHOEIRENSE. Tue, 19 Apr 2016 17:00:59 +0000 pt-BR hourly 1 http://wordpress.org/?v=4.3.5 http://028culturas.com.br/wp-content/uploads/2016/02/cropped-Untitled-11-32x32.png 028CULTURAS http://028culturas.com.br 32 32 Tudo Muda… 3, né? http://028culturas.com.br/2016/04/19/tudo-muda-3-ne/ http://028culturas.com.br/2016/04/19/tudo-muda-3-ne/#comments Tue, 19 Apr 2016 17:00:59 +0000 http://028culturas.com.br/?p=227 Tudo mudou.

Pensei, pensei, pensei, e cheguei à duas conclusões:

1ª: a de que eu mudei. Que tudo aqui dentro mudou. Que eu não estava sendo o mesmo palhaço de alguns tempos atrás, aquele menino que todo mundo gostava de ter por perto. Mudei, e mudei para pior. Foi preciso algum tempo para reconhecer e me conhecer. Aqui dentro eu ainda tô de mudança, ajeitando as coisas; ainda não tenho estantes. Músicas, filmes, livros… Tudo mudou. Mas eu fui forte o bastante para reconhecer que algumas coisas mudaram; que eu deixei que algumas coisas mudassem; que eu me deixei levar e se perder por algum canto, não muito longe, até eu ir me buscar agora. Adotamos um cachorro – o nome dele é Luke (Skywalker), e é o novo mascotezinho do 028. As brincadeiras de um filhote me trouxeram de volta; o Luke me trouxe de volta. Por mais que eu chore, grite e brigue com ele porque ele tá me mordendo forte, quando o vejo latindo e pulando feito um coelho esqueço tudo de ruim.

E a 2ª: a de que eu não quero mais pensar. Quanto mais pensamentos, mais reflexões, mais dúvidas, mais incertezas. E eu já me deixei ser tomado por essas; não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Vou seguindo, mudando e contando, à quem queira me ouvir, à quem queira ouvir o velho palhaço, à quem queira ouvir o fechado, e à quem queira ouvir.

E, daqui pra frente,

tudo vai mudar.

Se Yoda quiser.

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Definitivamente http://028culturas.com.br/2016/04/18/definitivamente/ http://028culturas.com.br/2016/04/18/definitivamente/#comments Mon, 18 Apr 2016 22:55:39 +0000 http://028culturas.com.br/?p=223 Desaprendi a gozar.

Tenho os seios murchos –

córregos extintos

secos

poluídos

 

Despertar e esperar

Esquecer e poetizar

O mundo não é vasto

no Vaso vazio

 

O Ausente

O Amado

Recordar e prosseguir

 

Nunca mais

Eros e carícias

Transcender a carne

Exalar a essência viva,

não o mofo nostálgico

de saudades perdidas

e esperanças voláteis

 

Tenho os dedos rijos

Tenho sede e fome

Tenho o impossível

Nos cacos espalhados

Nas fotos já rasgadas

Nos poemas pobres

de folhas amareladas

 

Tenho o suficiente

para amar o belo

sem jamais alcançá-lo

 

Cruzei os braços

– e as pernas

Definitivamente.

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Subjuntivos http://028culturas.com.br/2016/04/13/subjuntivos/ http://028culturas.com.br/2016/04/13/subjuntivos/#comments Thu, 14 Apr 2016 01:05:16 +0000 http://028culturas.com.br/?p=219 E se o tanto que eu tenho a dizer

Pudesse aliviar o que me sufoca

Ainda que os sonhos permaneçam

E a saudade seja irremediável?

E se o tanto que há em  mim

Dissolvesse a ausência dolorida…

Estrelas desnudando o obscuro

Enquanto a vida renasce.

E se o tanto de pós-moderno

Entranhando em nós dois

Fosse capaz de acalmar

Um coração solitário demais?

E se o tanto de que me lembro

Apagasse o reflexo do olhar…

Nada restaria da umidade

Que sua boca deixou na minha.

E se…?

E se o nó se desfizesse…

E se o grito se soltasse…

A agonia subjuntiva

Apenas passado distante.

(E se o tanto que eu tenho a escrever

Coubesse em palavras e versos,

Eu escreveria até esgotar por completo

O tanto do amor que resta em mim).

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Semelhantes http://028culturas.com.br/2016/04/13/semelhantes/ http://028culturas.com.br/2016/04/13/semelhantes/#comments Thu, 14 Apr 2016 00:55:29 +0000 http://028culturas.com.br/?p=217 Agonia e solidão

Palavras distantes

Ecos perdidos

entre abraços vãos.


O vazio das horas

Mãos espalmadas

Que falta me faz agora

o livro amigo!


Essência resumida em um nome – 

que jamais pronuncio.

Alma semelhante

nunca encontrada em vida.


Que falta! Ah, que falta!

Que falta?

Falta o carinho singelo

de carícias líricas

Noites eternas

Conversa elegante e gentil

A compreensão plena

de vivências extremas.

Sensibilidade…


Mais saudade, porém,

há em mim

de outras mãos ternas

agora entrelaçadas

e tão distantes.


A falta que me fazem

deixa ardendo a madrugada

e congela a cama antiga

apagando as luzes.

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Velho Ninho, por Simone Lacerda http://028culturas.com.br/2016/04/13/velho-ninho-por-simone-lacerda/ http://028culturas.com.br/2016/04/13/velho-ninho-por-simone-lacerda/#comments Wed, 13 Apr 2016 20:07:37 +0000 http://028culturas.com.br/?p=211 Nada mais vale que um abraço. Energiza, aproxima, reinventa afetos e embala palavras. O toque acalenta dores intensas e dignifica a vida em grupo. Não estamos sós quando sentimos o outro; respiração, calor, cheiro, mãos encostadas, fala de reciprocidade, e nos sentimos como ilha quando tanto queremos um afago, um abraço e não somos capazes de, por instante, ter o outro ali.

Minha poesia sofre quando me sinto tão sozinha. Minha poesia renuncia seus próprios versos para que eu alcance o tato daquele que pode me fazer palpitar, feliz e não muito só. Ela própria me serve de acalanto quando mergulho em águas geladas e profundas, nas quais não tenho ninguém. Canta para mim que nada é eterno, inclusive as dores da alma. Também, muita coisa boa passa. Vai voar em outros ninhos, desabrochar para outros olhares. Mas, ela está ali me dizendo para chegar, se achegar.

Pele com pele aquece sentimentos mais ínfimos, mais plenos, mais insensatos, mais delirantes. Gostamos de sentir com o coração, mas precisamos sentir com as mãos, braços, pernas, rosto, tantos de nós. O tato se vangloria da metafísica, dos preceitos espirituais, dos discursos mais acadêmicos, das ausências, dos homens mais céticos.

O apelo da pele, do corpo, da mente reelabora os desejos mais perenes, os sonhos possíveis e os para sempre inventados, os ideais de vida e de morte, as eternas falências e as vitórias inéditas. Ceder ao outro, ao seu carinho, suas impressões concretas, seus alicerces resistidos na corda bamba é aceitar-se carente por muitas décadas, é não se inflamar de vocabulários escorregadios, é se ver nu na alma, é deixar ser refletido no espelho os dilemas escondidos e danosos demais, que lhe pesavam sórdidos e adiposos quilos.

O sentido do tato apropria-se dos sentimentos do coração e das camadas mais densas da mente, empoderando-nos. Ele dá vestimenta àquilo que só é possível ver com olhos invisíveis, com a poesia sobressaltada no peito que deseja voar, como aquele pássaro que, todos os dias, revisita as altas montanhas, rios e mares, mas, ao fim da tarde, quer repousar no mesmo cenário. Naquele que te protege dos abutres e o conforta diante de todos os males.

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Por ora. http://028culturas.com.br/2016/04/07/por-ora/ http://028culturas.com.br/2016/04/07/por-ora/#comments Thu, 07 Apr 2016 21:11:37 +0000 http://028culturas.com.br/?p=209 Deixo o mar levar o anel que tu me deste.

O teu amor, que era de vidro e se quebrou.

Hoje é dia de Páscoa, de renascer do amor.

Por amor. Apesar do amor…

Deitei ao chão todas as ilusões. Li teu texto no jornal.

Era texto-feto quando o conheci (e Mariana permaneceu enquanto eu passei).

Quis a morte do amor e das lembranças.

Brilho eterno, como o filme.

Dedos que já não se entrelaçam,

Bocas que ressecam a distância

que só o orgulho consegue medir.

Ouvi teu riso ao nascer do sol,

e, distrída, gritei teu nome com a esperança

do gozo de nossas manhãs.

Nenhuma resposta.

Não há mágoa, não há

ódio, raiva.

Não há medo. Nem

tristeza ou solidão.

Sou eu apenas. E isso deve bastar.

Por ora.

 

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SIMONE LACERDA – apresentação http://028culturas.com.br/2016/04/06/simone-lacerda-apresentacao/ http://028culturas.com.br/2016/04/06/simone-lacerda-apresentacao/#comments Wed, 06 Apr 2016 19:37:12 +0000 http://028culturas.com.br/?p=203 Tenho o prazer de anunciar a nossa nova série de textos de uma convidada muito especial, Simone Lacerda.

Nas próximas cinco quartas-feiras, teremos um texto da Simone, na série onde ela explora os cinco sentidos. Hoje, ainda, ficaremos apenas com uma belíssima apresentação.

Sou poeta por necessidade de vida. Escrevo para não morrer, para manter a lâmpada dos Sonhos acesa, acreditar na chama que me visita sempre e, por vezes, entra em erupção. Sou dos sonhos mais profundos, mas me encanto com a beleza palpável na flor e no riso frouxo e no olhar comedido e poético que os homens trazem consigo.

Minha escrita revela quem sou e o desejo de quem busco, todos os dias, ser. Sei que os dilemas inflamam meu corpo e as camadas mais densas daquilo que dou por chamar de alma. Vivo sob o caos e o uso para que eu consiga retirar as cascas de um cotidiano acinzentado e embrutecido.

Todos os elementos opacos que adormecem em mim transformo em algo menos sórdido e bem mais colorido, com beleza em constante inauguração. E é o leitor, denso e inexato, que permite minha escrita cantar, gritar, dizer e poetizar. Sem ele, ou melhor, você, eu não daria conta de desvendar os estigmas, os universos e as lindezas que nos afastam e aproximam.

A poesia, na prosa e nos versos, é minha casa, o casulo para que consiga a transformação, a morada para que as tempestades não encharquem minha existência e meu diálogo com partes não compreendidas. Logo, a escrita poética é a minha felicidade pressentida, revelada e invocada sempre! Desejo a alegria da minha escrita também a vocês!

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Diogo Hartuiq – Em Paraíso http://028culturas.com.br/2016/03/28/diogo-hartuiq-em-paraiso/ http://028culturas.com.br/2016/03/28/diogo-hartuiq-em-paraiso/#comments Mon, 28 Mar 2016 17:12:43 +0000 http://028culturas.com.br/?p=198 A obra de Diogo Fuzzface é certamente uma das mais cruas e sinceras da metade do séc XXI até agora. Ele escreve o que vive e nada mais – fala sobre a fraqueza e demência de toda uma geração voltada para o consumismo e um padrão artificial nunca sequer alcançado. Cada palavra de seus livros já é em si uma marca distinta de frenesi e loucura vividas na pele.“São como notas roucas dos velhos trompetes de jazz bebop dos anos 20. Fuzzface faz um relato autentico e convincente sobre os efeitos do delirium tremens alcoólico em ambientes nada propensos à paz de espirito.
Em Paraiso narra um Fuzzface distante de sua zona de conforto. São relatos alucinados do autor atormentado pela própria mente em tempos de crise existencial. Não é preciso compartilhar das mesmas experiências descritas no livro para sentir-se identificado com a obra em algum período de nossas vidas. Em Paraiso fala o que poucos teriam coragem de compartilhar em público, mas é o que poucos hesitariam em desmentir.”, conta Gustavo Fontana à equipe do 028CULTURAS. Pedimos para que o próprio Diogo o fizesse, mas me parece ser um cara um tanto quanto tímido.

A obra de Diogo está disponível na Amazon.com.br, clique aqui para acessá-la.

Deitado num colchão duro e sujo dormia, com os olhos fechados percebo a semelhança que possuiu estar assim; assemelha a uma parede chapiscada de cor amarelada, sinto mundo humano, vivo e triste. Abro os olhos, dou com a parede amarelada e chiada, tenho vontade de nunca mais levantar, de ficar ali até sumir; saio da cama caminhando como um morto em destino ao banheiro, não estava muito longe, era uma casa pequena…” Trecho do conto “Amarelo”.

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Tudo Muda – 2 http://028culturas.com.br/2016/03/03/tudo-muda-2/ http://028culturas.com.br/2016/03/03/tudo-muda-2/#comments Thu, 03 Mar 2016 22:21:07 +0000 http://028culturas.com.br/?p=184 (Me inspirei em um texto de minha querida amiga, Rafaella Lopes. Aliás, saudades, Rafa.)

Tudo muda. Tudo há de mudar. Se não mudasse, o que haveria? Monotonia, talvez. Rotina, provavelmente. Um tédio, com certeza. Mas, com as mudanças, infelizmente, vêm as partidas e despedidas. Às vezes ainda vivemos perto, porém tão longe. Todas essas mudanças que aconteceram e agora somos isso. Isso o quê? Somos o que realmente queremos ser?

Ou somos apenas o que nos forçaram a sermos, e acabamos nos esquecendo de sonhos, metas e objetivos? Por que não podemos ser o que queríamos quando criança? Pois eu digo que sim, podemos. É só aceitar. Abraçar a mudança. Abraçar quem nos muda, quem nos mudou e quem nos formou. Sermos gratos a cada simples gesto de educação, pois isso muda; muda seu dia, seu humor.

Tantas questões, tantas mudanças, tanta coisa para abraçar; mas cadê aqueles que costumávamos abraçar, antigamente, quando tudo ficava confuso? Mudaram. Ou se mudaram. Mas foi necessário, para acharmos outros que nos confortassem, para abraçarmos quando percebemos a falta que os antigos fazem. Confuso, não?

Mas tudo muda. Tudo há de mudar. Se não mudasse, o que seria?

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Tudo Muda – 1 http://028culturas.com.br/2016/02/22/tudo-muda-1/ http://028culturas.com.br/2016/02/22/tudo-muda-1/#comments Tue, 23 Feb 2016 00:10:30 +0000 http://028culturas.com.br/?p=168 É meu último ano aqui.

Meus amigos gostam de ficar lembrando de fatos antigos, acontecimentos marcantes, desde que entramos no ensino médio. Eu gosto, e muito; gosto ainda mais porque gosto de ficar imaginando, pensando, criando personagens para cada conto dessa roda de amigos. Paro para analisar, e, (in)felizmente, tudo vai mudar. Assim como tudo muda. Todos mudamos. Uma muda de roupas e fantasias para cada mudança.

Em meio à essa análise, reconheço três personagens: o Fernando, antes do ensino médio; o Fernando, durante o ensino médio; e o Fernando, hoje. Isso em um caráter geral, porque se for para parar e analisar cada pedacinho minúsculo do tempo, seríamos capazes de encontrarmos infinitos personagens de uma mesma fonte. Dom Casmurro, Doutor Bento Santiago e Bentinho. Todos nós os somos.

Primeiro, um Fernando inocente; que confiava o mundo ao mundo que lhe desse carinho. Sem ver maldade, sem ver a verdade.

Segundo, um Fernando confiante, que se confiava ao seu mundo, que também o confiava. Ainda bom, com a maldade sendo algo inexistente, de outro mundo.

Agora, um Fernando indeciso, que não sabe em quem confiar (ou se deve confiar em alguém), já que a maldade agora existe. Por ser alvo, mal faz mais suas palhaçadas, sufocado pela pressão e confiança; só que dessa vez, a confiança é dos outros.

É meu último ano assim.

 

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